Sobre o aluno questionador que ao mesmo tempo fornece as respostas: já teve alunos assim em sua sala de aula?
Claro que sim, toda sala de aula, palestra, seminários, mini cursos, workshops, formação, tem dois ou mais alunos assim. Eles possuem um traço de caráter fortíssimo de esquizoidismo. Eu sei que esse termo parece estranho, mas foi definido pela psicanálise e aprofundado por Wilhelm Reich, que entendeu o método de Bioenergética e nos ensina como nosso corpo se molda aos nossos traços de caráter. Nos ensina também que todos nós possuímos os 5 traços de caráter atuando em nosso padrão de funcionamento, mas que dois deles sempre são mais perceptíveis. Os traços de caráter são formados durante a nossa infância, desde o período intrauterino até os cinco anos de idade. Alguns autores defendem que seja até os sete anos, mas minha formação Sistêmica prefere trabalhar com o período de até cinco.
O aluno que tem o traço de caráter Esquizoide adquirido na fase oral (período intrauterino até a primeira semana de nascimento) acontece devido as emoções sentidas ainda no útero de sua mãe, ou mesmo de sua percepção ao sistema familiar que pertencerá. Ele carrega consigo um forte sentimento de rejeição que dificilmente identificará sem tratamento profissional. Ele tem como mecanismo de defesa os escapismos, ou seja, foge de seus sentimentos ficando no mundo intelectual. Sempre que lhe é perguntado sobre seus sentimentos ele dirá, “eu acho que”, e jamais, “eu sinto que”. Suas qualidades são: aprendizagem rápida, possui uma leitura dinâmica que com o tempo vai descobrindo e aperfeiçoando. Gosta de estudar sozinho e tornam-se autodidatas com facilidade. Sua criatividade é excepcionalmente brilhante, pensa rápido e com facilidade, mas possui dificuldade em executar tarefas a partir do que criou. Porém, como eu já disse, ele evita entrar em contato com seus sentimentos, para não sentir novamente a dor de seu trauma infantil.
Geralmente, esse indivíduo possui um outro traço de caráter forte que é o Rígido, formado na fase genital, entre quatro e cinco anos de idade, que é quando a criança não encontra nesta fase o aconchego, presença e carinho da mãe. Então, ele busca no pai. Buscando no pai a criança entra em um processo de disputa, mas o importante a saber é que nessa dinâmica ele desenvolverá as características de ser perfeccionista e competitivo. Em muitos casos, a competitividade chega a ser autodestrutiva. Contudo, a verdadeira competição é interna, como se ele fosse dividido ao meio e não conseguisse unir as polaridades que são, pai e mãe. O traço de caráter rígido fica sempre dividido e competindo.
Devido a esse padrão de funcionamento gerado por esses dois traços juntos, Esquizoide e Rígido, agindo no pensar, sentir e agir, ele é aquele aluno que, por exemplo, vai estudar os tópicos das aulas antes de todos. Mas, para que e por que? Para poder competir com seu professor diante de uma plateia que ele quer muito a admiração, pois não conseguirá aceitar, mesmo com a diferença de idade e experiência de seu professor, que este saiba mais que ele, ou que a turma goste e admire aquele professor mais que ele. Ele partirá para a competição tornando o professor o foco da transferência dos sentimentos que carrega internamente. O sentimento é: não posso ficar apagado, preciso brilhar mais que você, meu professor. Ele carrega uma dor imensa do não reconhecimento e de não ter sido visto como desejava e queria no seu período de infância. O professor está numa posição de destaque em relação a ele, causando-lhe a vontade de estar naquele lugar, o que para muitas pessoas isso é definido como inveja, já para o indivíduo que sente essa dor é a competição interna.
Meu conselho para os colegas professores e palestrantes, já que fui também professora por mais de 20 anos, é: olhe para esse aluno com respeito e aceitação. Olhe em sua direção e veja atrás dele os pais, sentindo em seu coração o respeito por cada um. E sempre diga, “parabéns por ter estudado antes da aula, você colherá seus frutos no devido tempo, como eu colho agora. Você é muito inteligente e poderá ser melhor que eu, já que você é uma geração mais jovem e é assim que deve ser. A minha intenção é que meus alunos me superem e isso me faz feliz. Porque fiz parte de seu processo de evolução.”
A grande questão é: alguns professores, senão, todos, também possuem dores internas, e em alguns momentos se sentem fragilizados com alunos que tenham esse tipo de postura. Tendo uma visão mais aprofundada do que acontece internamente no aluno com esse tipo de traço de caráter, você, professor, ao invés de repelí-lo ou instigar ainda mais a competição que está nele, conseguirá olhá-lo com compaixão e acolhê-lo corretamente. Mas, atenção, pois compaixão é diferente de dó ou pena. Apenas compaixão. Muitas vezes, mesmo desempenhando tal função acabamos por esquecer qual é o nosso lugar de força. Seu lugar de força professor, é como professor, e isso quer dizer que você não é amigo, não é pai e nem mãe de seus alunos, apenas professor, é assim que você se mantém fortalecido diante de quaisquer circunstâncias adversas que apareçam dentro da sua sala de aula.
Sou Ana Claudia de Carvalho – Terapeuta Sistêmica e Consteladora Familiar.
Estou à sua disposição para tirar dúvidas.
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